A Região

A região nordeste de Portugal, encostada à Galiza e a Leão-Castilha (Espanha). “Para lá do Marão” e das elevações que acompanham o vale do Douro, foi desde final da Idade Média uma provincia de Portugal, administrativa, militar e judicialmente.

Também foi designada por Trás-os-Montes e Alto Douro, já que compreendia, também a famosa zona do Alto Douro, onde sobressai o Alto Douro Vinhateiro, património da Humanidade.

Atualmente não subsiste a divisão administrativa “província” estando o seu território distribuído pelos Distritos de Bragança, Vila Real e, quanto a Douro Sul, pelos Distritos da Guarda e de Viseu.

É uma zona de planaltos separados por serranias, sulcada por rios e ribeiras que cavaram vales profundos, donde a diversidade de povoamentos humanos, vegetais e animais e de práticas agrícolas distintas: culturas mediterrânicas e logo ao lado ou, mais no alto, as carateristicas de climas continentais e de montanha.



Aspectos Culturais

O “Reino Maravilhoso” como o chamou o grande Miguel Torga. Maravilhoso pelas gentes corajosas, simples, hospitaleiras e trabalhadoras. Maravilhoso pelas paisagens de cortar a respiração, a natureza no seu máximo esplendor, nos seus contrastes que o tornam ímpar.

Maravilhoso na cultura ancestral em que cruza das raízes populares das práticas agrícolas, dos folguedos, dos ciclos da vida rural, dos Caretos de Podence aos Pauliteiros de Miranda, das festas e das feiras, das chegas de bóis…

Na singeleza, por vezes rude e prática do seu património edificado: os inúmeros castelos, pontes, vias, igrejas… A exclusividade da Domus Municipalis e a imponência do castelo, em Bragança, a cidade velha de Miranda do Douro, intra-muros, com as reminiscência medieval da Rua da Costanilha, a marcar a paisagem sobre o Douro profundo e o planalto a perder de vista do alto da sua catedral e das ruinas do castelo marca da Guerra do Mirandum ou Guerra Fantástica, sinal da sua resistência a Espanha; das igrejas de Vimioso, de Freixo de Espada à Cinta, de Moncorvo, de Outeiro, de Chaves ao Azinhoso; dos castelos sentinela de Algoso e Montalegre às pontes medievais, românicas ou “romanas” de Mirandela, Chaves, Gimonde, Algoso ou Santulhão, o solar de Mateus (Vila Rela), dos Távoras (Mirandela), dos inúmeros solares de antigas casas fidalgas, da marca humana na construção do Azibo e dos socalcos do Douro.

Maravilhoso na rica gastronomia, das alheiras, dos folares, dos enchidos de porco bísaro, da carne de vitela mirandesa, barrosã ou maronesa, do cordeiro mirandês, bragançano-galego, do cabrito e do mel de Montezinho, dos pratos de caça (o javali, o coelho, a perdiz, a lebre, o veado), das trutas, dos escalos e das bogas.

Tudo regado com o melhor azeite do mundo!

Das doçarias natalícias ou pascais, como os folares e o excelente pastel de amêndoa de Vimioso.

Do bom vinho da Terra Fria, dos espumantes, vinho do Porto e de Mesa, do Douro e Terra Quente.

Trás-os-Montes - Meirinho Biológico - Azeite Extra-Virgem

Envolvência Socio-Ambiental

Trás-os-Montes, à semelhança de outros interiores do país, é marcado por forte despovoamento, com o seu contraponto de emigração, principalmente para a Europa (França, Alemanha, Espanha, Reino Unido e Suiça) e América do Sul (Brasil e Uruguai).

Os principais centros urbanos têm recolhido muito da população que abandonou as zonas rurais, por mudança do paradigma económico e social. Os serviços, o ensino, o turismo e a agricultura de quase subsistência marcam esse quadro, onde sobressaiem a Univerdade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o Instituto Politécnico de Bragança, os hospitais Distritais, o sistema de regadio do Vale da Vilariça, alguns exemplos de dinâmica industrial em Bragança e Chaves…

A diversidade e contrastes da orografia são carateristicas de Trás-os-Montes com influência nos diversos micro-climas ao longo dos vales dos rios e ribeiras do Tâmega, do Corgo, do Pinhão, Tua, do Tuela, do Rabaçal, da Vilariça,do Sabor, do Maçãs, do Angueira, do Douro, das zonas de montanha do Gerês, ao Alvão,a Montezinho, a Bornes, a Nogueira, dos planaltos da terra de Miranda, de Bragança, da veiga de Chaves.

Devido à diversidade do clima, da orografia e das caraterística dos solos, assim também se verifica uma rica e variada distribuição de culturas, com destaque para as mediterrânicas (oliveira, vinha, amendoeira), de montanha (castanheiro, cerejeira, nogueira), de zonas mais temperadas (frutíferas tradicionais, frutos vermelhos).

A cultura cerealífera que antes das levas da emigração dos anos 60 do século XX era dominante, passou a residual, limitando-se em grande medida aos cereais par pasto ou penso dos efetivos pecuários.

Alguns dos produtos produzidos em Trás-os-Montes são de altíssima qualidade, principalmente o vinho, azeite, amêndoa e castanha, pese embora as quantidades (com exceção do vinho) não sejam competitivas.

Mas por alguma razão se diz que espanhóis e italianos ou, internamente alentejanos, quando querem melhorar a qualidade dos seus lotes de azeite, lhe adicionam azeites de transmontanos. Ou, que a amêndoa transmontana é muito mais rica e valorizada que a da Califórnia ou de Espanha.

A natureza, ainda com carateristicas únicas, a apelar aos seu estado selvagem levou à criação de zonas protegidas: Parque do Douro Internacional, Parque Nacional da Peneda–Gerês, Parque Natural de Montesinho, rios selvagens integrados na rede natura (Sabor, Maçãs, Angueira, Rabaçal, Tuela…).

Cultura Socio-Ambiental - Meirinho Biológico